28 de julho de 2005

"Lembro-me que fiquei muito triste quando descobri que, no mundo, havia gente pobre e gente rica..."
Talvez a sua compreensão do mundo tenha ficado para sempre moldada por esta conclusão da infância. Talvez todas as compreensões do mundo, de todos nós, nasçam na infância.
Nessa altura, Evita estava ainda desse lado da vida. Do lado da gente pobre.
Terá sido esse tempo que lhe deu a convicção para tomar o partido dos desfavorecidos, dos mais fracos, e a lembrança desse tempo forneceu-lhe a força dessa convicção.
“Eu sou uma de vós. Eu sei o que é ter fome.”
Esta frase, ou outras frases como esta, punham os pobres todos ao lado de Evita. E estes são muito mais numerosos do que os ricos. Evita contaria sempre com eles, ao longo da sua vida, e mesmo depois, para chegar onde queria.
Em vida, Evita quis ter um lugar de poder. Eles ajudaram-na a chegar lá.
Evita não queria ser esquecida, queria tornar-se lenda, mito. Eles tomaram conta deste seu desejo.
Viveu à velocidade da luz, deixando de brilhar no firmamento dos pobres, dos "descamisados", demasiado cedo, com apenas trinta e três anos.
Eva Peron, Evita, morreu a 26 de Julho de 1952.

Não é a luz da História a que confere mais brilho à figura de Evita. É a luz dos mitos. Ela própria preparou o mito que havia de perpetuar a sua memória e dourá-la cada vez mais.

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