29 de março de 2009

Atitudes e comportamento dos alunos

Atitudes e comportamento dos alunos podem determinar subida de notas
Do Público, 29.03.2009, Bárbara Wong
O saber pode não ser tudo. Um aluno assíduo, pontual, que coopera e se porta bem pode ver uma nota negativa passar a positiva. Há escolas a valorizar cada vez mais aspectos
As atitudes e o comportamento dos alunos podem ser determinantes para que a nota final do período possa passar da negativa à positiva. Às vezes, os professores abusam deste parâmetro da avaliação e os resultados nas pautas são melhores do que o expectável, denunciam alguns especialistas. Outros defendem que só assim se podem manter na escola alunos que estão em risco de abandono ou de insucesso escolar.
Chegados ao final do 2.º período escolar, é hora de os professores se reunirem e lançarem as notas. Além dos testes, trabalhos e participação nas aulas, há um factor que, para muitos alunos, pode ser determinante: os valores e as atitudes. É assíduo? Pontual? Coopera e empenha-se? Porta-se bem? Se sim, e se a situação do aluno estiver periclitante entre a negativa e a positiva, este aspecto pode ser decisivo para subir a nota. Este parâmetro tem um peso variável de disciplina para disciplina e de escola para escola.
O factor das atitudes e do comportamento "ganhou um peso desmesurado que leva a que os alunos tenham uma visão irrealista das suas competências", alerta João Lopes, professor do Departamento de Psicologia da Universidade do Minho, que defende que os docentes "têm a noção que, se avaliassem só os conhecimentos académicos, haveria uma hecatombe", pois as notas seriam piores.
Foi o que aconteceu na básica 2/3 João Cónim, em Estômbar: as notas do 1.º período, comparadas às do ano passado, baixaram, depois de a escola ter decidido atribuir 20 por cento de peso ao domínio das atitudes e valores, do 1.º ao 9.º ano de escolaridade, dando preponderância ao domínio cognitivo, explica a presidente do executivo, Paula Simão. "Antes havia um peso maior para as atitudes e valores por causa da realidade da escola, onde há muitos problemas sociais económicos. Só que concluímos que, no final de cada ciclo, todos são avaliados da mesma maneira, pelas provas de aferição e exames nacionais, por isso mudámos", justifica.
Em vez de dar positivas, os docentes apoiam os alunos "para que todos adquiram as mesmas competências" e, no ano passado, os resultados dos exames nacionais do 9.º ano foram superiores às notas internas, congratula-se a professora.
Mas na maioria das escolas ainda há uma "grande discricionariedade", acusa Pedro Rosário, professor da Universidade do Minho. "Como não há balizas concretas, esse parâmetro serve de almofada para proteger as fragilidades dos alunos."
O princípio de avaliar as atitudes dos alunos não é posto em causa por José Morgado, professor no Instituto Superior de Psicologia Aplicada, de Lisboa, que é apologista de uma avaliação completa e global. É "desejável, porque o bem-estar do aluno está para além do rendimento escolar e do realizar os trabalhos de casa". Este reside também na participação nas aulas, motivação e empenho.
"É razoável que o aluno seja discriminado positivamente; caso contrário, há uma sobrevalorização excessiva do resultado escolar", considera Morgado. A nota tem de ter uma natureza pedagógica, essencial para manter na escola aqueles que estão em risco de abandono ou insucesso. "Há miúdos a quem, se se der 1, 2 [numa escala de 1 a 5], a escola perde-o. A avaliação deve ser usada para motivar", declara.
Para esses casos, "devia encontrar-
-se um eufemismo: nota por motivos emocionais", sugere Pedro Rosário, lembrando que os estudantes que trabalham podem não compreender essa atribuição de notas. Dulce Gonçalves, da Universidade de Lisboa e do centro de psicologia Lispsi, propõe diferenciar os parâmetros de avaliação de desempenho comportamental. O aluno pode ter 5 no comportamento e 2 no desempenho, exemplifica. "Fazemos pesar demasiado as atitudes nas notas e isso é um erro, porque não contribui para a melhoria dos comportamentos, nem dos resultados. É ilusório", opina João Lopes.

1 comentário:

May Alek disse...

Olá, Madalena!
Vim agradecer os parabéns e desejar saúde, paz, alegrias e sucesso ao seu filho (aqui ainda é 1 de abril!)
Tudo de bom para você.
Um beijo carinhoso.