6 de abril de 2010

MEC, outra vez belíssimo!

Anteontem fomos ao Magoito, sempre surpreendidos pelas novidades da Primavera. A rua do Chão Verde, em Fontanelas, deu-nos as primeiras vinhas de chão de areia, a nascer em folha. Está quase Maio! A meio de Maio, a Maria João deixa de ser radio-activa e poderá voltar a apanhar malmequeres sem torná-los azuis. O fim dos tratamentos está à vista, rodeado por princípios de novas vidas, todas a correr para o Verão, a acompanhar-nos e a dar-nos força e vontades.

Na Praia Grande, o mar destapou grandes rochas, dividindo e complicando a praia, tornando-a ainda mais bonita. O mar faz e refaz as praias conforme quer, como se nunca estivesse satisfeito, como um bruto a torcer um bocado de plasticina, a ver se se distrai e a não conseguir.

A areia que falta à Praia Grande foi parar à Praia do Magoito, tapando quase todas as rochas. Parece a Praia Grande. E a Praia Grande mais parece o Magoito. E a coisa não há-de ficar por aqui. Nunca fica.

No Magoito, conhecemos uma menina, sentada ao vento a ver o mar, que nasceu em "treze", há 97 anos. Estivemos a conversar. Quando era pequenina, sobreviveu à pneumonia. Chamavam-lhe "a boneca" por ser tão bonita e pequenina. Estava na mesma. Mais boneca ainda. Dantes vinha para o Magoito de burrinho e era um pulo. Agora tinha de ir a Sintra apanhar a carreira.

Mas valia a pena, por causa do iodo. A médica tinha-lhe receitado aquela praia: "Vá ao Magoito!" E ela lá estava, muito bonequinha e com muito prazer.
Miguel Esteves Cardoso, Público, 3 de Abril

2 comentários:

Unknown disse...

Boa discrição, embora não se entenda correctamente se era um grupo e qual a finalidade da visita.
Falou dessa bonequinha nascida em 1913, o mesmo ano do meu pai.
Pode falar-nos mais dela e das suas histórias que devem ser muitas e interessantes....?

Madalena disse...

Olá caro Direitinho! Fico muito feliz de vir até aqui comentar, mas os textos que comentou não são meus. Neste blog, guardo alguns textos meus e outros que leio na Imprensa e gosto, como é o acso do MEC, Miguel Esteves Cardoso. De qualquer modo, obrigada!