15 de março de 2005

O que ainda faltava explicar

O inexplicável...
Enquanto em Portugal continental continua a seca, no arquipélago dos Açores chove de mais. Por cá, as autoridades estão cada vez mais preocupadas: sem chuva, poderemos ter um verão muito difícil. Para já, teme-se que 10% dos portugueses (isto é, cerca de um millhão de pessoas) fique sem água em casa; os bombeiros prevêem, de novo, um ano de muitos e grandes incêndios; e os agricultores olham em volta e vêem as suas terras secas, incapazes de deixar nascer e crescer as suas plantações e culturas. Fala-se mesmo na hipótese de, para obrigar as pessoas a pouparem a água que, por enquanto existe, multar ou fazer pagar mais àqueles que a gastem em demasia. Por outro lado, no meio do Atlântico, continua a chover muito acima daquilo que seria necessário. De tal maneira que, na segunda-feira, algumas ribeiras (rios pequeninos, digamos assim) da ilha de S. Miguel ficaram demasiado cheias, transbordaram e fizeram com que as terras em volta deslizassem, arrastando, na lama e nas pedras, um automóvel. Das pessoas que iam lá dentro, duas estão desaparecidas e uma foi encontrada já sem vida. Esperemos que os próximos dias tragam uma mudança das coisas: que metade da chuva dos Açores venha para o continente…
Vamos lá a ver se os adultos também se sabem explicar...
Por cá, no final desta semana, tomou posse o novo governo de Portugal. É claro que as eleições já foram há uns bons dias atrás (a 20 de Fevereiro), mas é necessário algum tempo para decidir quem vai fazer o quê nessa grande estrutura, esse grande conjunto de pessoas, que é um governo. A "tomada de posse" é, assim, o momento em que, estando escolhidas as principais figuras da equipa (aqueles que serão os ministros e os secretários de Estado), se fazem, diante do Presidente da República, as assinaturas que tornam o acontecimento oficial. Isto é, na prática, só a partir de agora, temos um novo governo. Na quinta-feira, a Assembleia da República reabriu as suas portas, com todos os novos deputados e tudo está, portanto, finalmente pronto para começar. Portugal tem novos responsáveis num momento bastante difícil, quando continua a aumentar o número de pessoas sem emprego e tudo parece estar mais caro, tornando a vida mais complicada para todos nós.
E finalmente o absolutamente incompreensível:
No ano passado, dar-se-ia o último destes três acontecimentos importantes para o mundo, sempre a 11 de Março. Em Espanha, mesmo aqui ao lado, estava-se em véspera de eleições. De um lado, o PP, o partido que vinha governando o reino até então e que apoiava os americanos na sua luta contra os terroristas árabes; do outro, o PSOE, em quem ninguém apostava muito, mas que defendia, por exemplo, que os soldados espanhóis a combater no Iraque ao lado dos americanos deviam baixar as armas e regressar a casa. Pois bem. Para surpresa de todos, pela primeira vez na Europa, os terroristas árabes atacavam: uma série de explosões nas estações e linhas de comboios da principal cidade espanhola, Madrid, tiravam a vida a 191 pessoas e feriam muitas mais, deixando o mundo inteiro em estado de choque. As eleições realizaram-se na mesma, mas os seus resultados foram muito influenciados pela tragédia. O PSOE acabava por ganhar, o seu líder, Zapatero, tornava-se primeiro-ministro e os soldados espanhóis abandonavam o Iraque.
Por todo o mundo, estes três acontecimentos foram, na última sexta-feira, recordados, em tudo quanto têm de bom e tudo quanto têm de mau, para que, no futuro, os homens sigam os melhores exemplos e não voltem a cometer os mesmos erros.

Belo trabalho o de Alexandre Borges, ao fim de semana, na Capital.
Pena é que a vida destes textos, on line seja tão curta.
Por isso os guardo aqui.

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