3 de abril de 2005

Da Capital- de Alexandre Borges

Notícias explicadas às CriançasEntre o céu e a terra :: Era uma vez na Polónia, um país frio, bem no interior do continente europeu, a muitos, mas a muitos, muitos quilómetros de nós. Num dia de eclipse solar, vinha ao mundo o pequeno Karol. Há 84 anos, o gigante Sol escondia-se, por alguns minutos, atrás da breve Lua, um acontecimento raro e deslumbrante, e parecia anunciar que algo especial estava para acontecer. Ao fim de poucos anos, a mãe e o pai faleciam, bem como outros familiares, e Karol seguiu a sua jornada sozinho, desde muito, muito cedo. Estudou, andou pelo teatro, foi um actor promissor, passeou pelas montanhas e decidiu dedicar a sua vida à igreja. Andou pelo seminário, pelas igrejas, foi padre e bispo.
A pouco e pouco, subia lugares entre os homens mais importantes da imensa Igreja Católica. No fim dos anos 70, o Papa João Paulo I falecia poucos dias depois de chegar ao topo dos homens dessa religião e Karol era o escolhido para o substituir. Em homenagem ao seu antecessor, Karol mudava de nome: era o novo Papa, João Paulo II. Corria o ano do Senhor de 1979.
Durante 26 anos, percorreu o mundo inteiro inúmeras vezes. Foi aos lugares onde era desejado, àqueles onde ninguém o esperava; onde os católicos eram a maioria e onde eram a minoria. Subiu, desceu, andou, falou. Em cada ponto do mundo, ao aterrar, beijava o chão, ajoelhando-se coberto pelas suas vestes brancas e fazendo o sinal da cruz. Falou aos homens de toda a Terra - diante das multidões de gente sem nome, a sós com os líderes das nações. Reuniu, dialogou, discutiu. Por todo o lado, espalhou a fé católica, lutou pelo entendimento entre as religiões, rezou, rezou sempre pela paz entre os homens, contra todas as guerras. Marcou o tempo em que vivemos de uma forma como muito poucos terão conseguido. É claro que nem sempre fez ou disse o que dele se esperava. Nunca pôde agradar a todos. Levantou muitas polémicas. Conservou algumas ideias até ao fim, não cedendo àqueles que as pretendiam mudar, mesmo quando eram muitos.
João Paulo II liderou os católicos num tempo difícil, de guerras e desentendimentos, de grandes transformações em todo o planeta. Tentou abrir a Igreja de séculos ao mundo novo, ao mesmo tempo que fez perdurar aqueles que lhe pareceram ser os seus ideais fundamentais.
No Vaticano, a meio de Roma, a meio da Itália, a meio do mundo, da Praça de S. Pedro, comandou os destinos da lei católica, herdando a missão de Pedro, um dos 12 apóstolos que acompanharam Jesus Cristo em Jerusalém há 2000 anos. Foi sempre criticado e amado, mas, aos domingos, diante de si, tinha permanentemente dezenas de milhares de crentes, à espera das suas palavras, do mistério que nele une o céu e a terra.

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